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“Notas” – 09/02/2019
“Sua biografia, nos milhões de santinhos que mandava distribuir pelo interior do Espírito Santo, contava que nasceu muito pobre na divisa com a Bahia, engraxou sapatos para pagar seus estudos e se empregou num pequeno banco aos 14 anos, como contínuo.
A cafonice destes poderosos anda de mãos dadas com a gula pelo dinheiro e o nenhum escrúpulo em obtê-lo e acumulá-lo, pelo que se nota em algumas das descrições do livro. Tampouco experimentam vermelhidão no rosto quando apanhados com as mãos nas carteiras alheias. Riem-se. Referem-se aos seus pares como “malandro”, sem desejo de ofender,mais como reconhecimento de méritos, ou como como saudação diária.
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Marcado com "Burrice Emocional”, “A Cidade e as Serras”, “Breviário de Um Canalha”, Eça de Queiroz, Eduardo Almeida Reis
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“Notas” – 02/02/2019
Sobre agir mais, lamentar menos
Recebo, via Whats’App, de um leitor e amigo, três vídeos que “têm tudo a ver como que a gente conversa, com o que você escreve”: um do Jordan Peterson explicando o Poder da penetração marxista na Universidade e nos meios de comunicação de massa, outro do Christopher Hitchens respondendo a uma confrontação de um ativista anti-ocidente,e a entrevista do Steve Bannon ao Allan dos Santos.
“Tudo a ver mesmo,você precisa assistir.”
Jordan Peterson já conheço há alguns meses, sou mesmo inscrito no seu canal no “YouTube”; um dos críticos mais agudos ao totalitarismo da casta acadêmica e nas reproduções deste totalitarismo nas mais diversas esferas da vida do homem médio, o qual não possui qualquer defesa, mesmo por desconhecer, na maioria absoluta, qual é a origem de muitos controles sobre sua vida. O homem comum sente o peso sobre si, apenas.
No vídeo enviado pelo amigo, Peterson diagnostica a razão de muito do Poder do marxismo, Poder que, se em outros tempos tinha a justificativa de ser um sonho do qual não se sabia,ou se sabia pouco, de como era quando realizado, hoje tem apenas o magnetismo de ser linguagem agradável aos que não desejam qualquer responsabilidade por seus fracassos. Claro que quando Perterson fala,e eu escrevo aqui sobre “marxismo”, não é o marxismo como escola de pensamento, a qual exige como qualquer escola de pensamento, estudo e leituras. Não, trata-se do conceito vulgar de marxismo, no que este tem de mais simplório, e atraente para cérebros que não desejam trabalho.
Para este conceito simplificado, até o máximo de distorção, de marxismo, qualquer êxito na vida de um indivíduo vem acompanhado não de esforço ou mérito, mas de exploração e roubo. Claro que intelectuais marxistas de fato sabem que esta é uma simplificação grotesca, mas burocratas de partidos de Esquerda não hesitam em utilizar esta fórmula de explicação de sucessos pessoais com a etiqueta “marxismo”. E esta etiqueta que se apresenta como marxista fala alto aos corações da massa adormecida na ignorância e nos corações de burocratas que sabem que o Poder está na mistura de ignorância e ressentimento fermentando no ânimo da maioria. E na estigmatização do indivíduo que tenha obtido sucessos em sua vida, ainda que com sacrifícios, ainda que com muito estudo,ainda que como exceção.
Peterson diagnostica o fenômeno, mas não sei se ele tem a fórmula mágica para a cura ou o tratamento. Bom, talvez o tratamento seja este, gente como ele, da Universidade, denunciar a Universidade por seus atos, por sua propaganda ódio mixado com mediocridade, ou cimentado na mediocridade. A denúncia do “politicamente correto” como forma mais bem acabada de totalitarismo. Não silenciar, não se omitir.
Como não se omitia Christopher Hitchens, o combatente oriundo do trotskismo. Não se admitia um convertido ao direitismo, ou conservadorismo (“paleo” ou “neo” ), ou ao liberalismo. Talvez desprezasse o liberalismo mais que ao conservadorismo. Todas as entrevistas que vi dele em vídeos, exibem um sujeito em prontidão.
Quantos hoje podem se apresentar como “em prontidão”?
No vídeo, um ativista (não sei quem é, e confesso não ter procurado saber; sua “argumentação” sendo igual a de tantos) confronta Hitchens sobre a “culpa ocidental”. A conversa de sempre sobre imperialismo; não que não haja imperialismo, mas esta “denúncia” vindo carregada de pieguismos e simplificações ao gosto de plateia acostumada às simplificações e pieguismos. Hitchens primeiro apresentou suas credenciais: um combatente contra intervenções americanas desastrosas e autor de libelos contra Henry Kissinger. Em seguida, mencionou as atrocidades cometidas por islâmicos contra seus compatriotas, sobretudo mulheres. Para no fim devolver culpas ao interlocutor: “Se quiser se acovardar, faça-o em seu próprio nome, não no meu.”
Assim age um combatente, um intelectual que não foge de confrontações: apresenta dados, se mostra como contendor qualificado e avança sem temores. Quantos no Brasil de hoje em dia fazem isso? Quantos seriam capazes de dizer aos tiranos de casta acadêmica: “Sou um branco (ainda que por critérios brasileiros), sou contra racismos, já escrevi e estudei sobre a questão, e digo: nem todo branco é um herdeiro de exploradores e carregam culpa genética pela escravidão.Quer assumir esta culpa, faça-o usando você e seus filhos, seus colegas e filhos de colegas como exemplo. Não faça sua demagogia sobre as costas de brancos pobres ou apenas remediados.Não faça demagogia barata. Não venha culpar a mim, filho da classe média baixa. E vá, antes de qualquer coisa, procurar cura para sua dermatite de contato aos livros.”
Não tenho visto muitos intelectuais contrários à ideia das reparações fazendo isto. Uns por temerem marchar contra uma “verdade” estabelecida pela Universidade, outros por preferirem que os próprios negros vejam quem são estes “amigos” e não verem razão em se oferecer como mártires rotulados de racistas (incluo-me nesta categoria, admito), e a grande maioria por covardia mesmo. Pelo espírito de casta; não se consideram brancos, consideram-se “agentes políticos”, e decidem aderir ao coro da “culpa dos brancos” apontando brancos que não sejam do seu meio à execração pública.
Alguns que tentam combater sofrem de incompetência e mesmo de um certo racismo residual logo identificado por militantes bem treinados.
Aos cultos, falta coragem (e repito, não me excluo desta conta; em um dos últimos países do Mundo a abolir a escravidão, questionar certos dogmas é muito arriscado e muito contraproducente ) ; aos corajosos, habilidade e cultura mais sólida.
Haverá exceções, claro, mas não as conheço.
A entrevista de Steve Bannon ao Allan dos Santos foi o vídeo que mais me tocou; o que Bannon diz sobre a necessidade da Direita, ou dos inimigos dos totalitarismos de Esquerda (tanto faz, sobretudo no juízo da casta acadêmica), aprender com a Esquerda como agir, como ocupar espaços, como combater. Admitir que estes combatentes sabem das coisas, enfim. Não apenas sentar e chorar sobre avanços da dita Esquerda.
Bannon recomenda abrir canais do “YouTube”, criar blogs e sites, escrever peças e roteiros, militar na esfera cultural e no mundo dos espetáculos.
Como discordar?
Mas…como esquecer o que é a Direita no Brasil? Neste ponto sou como Hitchens, não desejo ser reconhecido como conservador ou liberal,ou direitista)?
Bannon conhece pouco o que seja Direita brasileira. Conhece Olavo de Carvalho, mas muito pouco os ditos direitistas que se apresentam (ou são apresentados como, o que no fim dá no mesmo) como seguidores de Olavo de Carvalho.Ou direitistas não simpáticos ao Olavo de Carvalho, e seguidores de excentricidades variadas…
Bannon não sabe o número de canais brasileiros tidos como de Direita no “YouTube” ; soubesse e veria que muitos têm pouco público e nenhuma repercussão. A Direita (ou adversários da dita Esquerda) não prestigia a Direita (ou adversários da dita Esquerda). Há panelinhas acusando outras panelinhas de serem meras …panelinhas.
Blogs de Direita (ou adversários da dita Esquerda) idem…
Resta chorar? Não!
Eu por mim cito e sigo canais no “YouTube” com os quais me identifico (como me inscrevi no canal do Caio Coppolla, que julgo talentoso e digno de respeito – e sobre o qual pretendo escrever mais),idem blogs e sites de gente que julgo com ânimo de combate e talento.
Sim, talento.Não me obrigo a prestigiar “formadores de opinião” que escrevem “mimimi” no lugar de “lamento” ou “lamúria” ou articulistas leitores de um só autor.
Já os que noto talentosos e combativos, sigo por gosto e, repito, por obrigação de militante.
E não deixo de escrever meus textos, mesmo sabendo-os divulgados apenas na surdina.
O que Bannon diz na entrevista me faz lembrar passagem da “História da Revolução Russa” de Leon Trotsky, onde Trotsky deitado no chão ao lado de Lenin, num intervalo das discussões no Instituto Smolny, no calor das reuniões do imediato pós-Revolução, via ali não dois indivíduos deitados, mas cinquenta anos de luta, trinta de Lenin, vinte dele, Trotsky.
Tempo… a Direita (ou os inimigos da dita Esquerda) precisa aprender a lidar com esta matéria.
E a determinação que vem dele.
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Marcado com Allan dos Santos, “YouTube”, Caio Coppolla, Christopher Hitchens, Jordan Peterson, Lenin, Leon Trotsky, olavo de carvalho, Steve Bannon
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“Notas” – 20/01/2019
Sobre desistir de lutar aos vinte dias de governo
Vinte dias de Governo e parlamentares do partido do Presidente exigem questionamento suave dos eleitores e simpatizantes do Governo após viagem à China:
“Somos X votos, o Governo precisará de apoio”.
Sim, a faca no pescoço do Presidente, e nos pescoços de tantos que votaram (e que votariam de novo, ainda que seja provado algo contra seu filho Flávio Bolsonaro) em Jair Bolsonaro não esperou mais que vinte dias.
Como não considerar que se apostou errado? Como não desistir de lutar quando o fogo amigo não esperou um mês para demonstrar aos eleitores que os adversários do esquema de Poder do PT e associados não apenas não estavam prontos, mas não mereciam o Poder?
Ainda que, repito, não acredito que os eleitores mudassem o voto fosse a eleição amanhã, o ânimo para apoiar o Governo sofre golpes diários. E este Governo precisará, mais que qualquer outro na História do Brasil, de defensores dispostos.
Mas…como defender Governo que ou se cala diante de acusações ou responde acusações contando gotas? Como manter a disposição de combate quando o Governo parece cauteloso em excesso? Como discutir nas redes sociais com acusadores sem os dados da defesa?
A viagem dos parlamentares do PSL à China para conhecer projeto ligado à Segurança aconteceu na mesma semana em que a organização Human Rights Watch foi à Secretaria de Governo encontrar com o Ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz e exigiu do general definições sobre possível monitoramento da organização, conforme reportagem publicada n'”O Globo” e reproduzida na “Tribuna da Internet”. A reportagem diz que o general Santos Cruz tentou se esquivar da definição e viu-se cobrado pelo representante para as Américas.
Como eleitores de Bolsonaro não se decepcionariam com o que parece negar o tom da campanha presidencial? Eleitores sonham com Brasil que possa manter independência, ainda que mínima, de organizações que se consideram, ou parecem se considerar, acima de governos, e cujos representantes mostram-se dispostos a levar ministros às cordas.
Assim como esperam que Jair Bolsonaro ou qualquer outro nome forte do Governo se manifeste sobre parlamentares que exigem respeito, por serem da base de apoio.
Seria pedir muito? Seria exigência exagerada dos que se expuseram como eleitores ainda que isto implicasse em perdas de amizades e banimentos de determinados círculos sociais?
Mas há quem lute sem demonstrar cansaço.
Como não considerar meritória a intervenção de Olavo de Carvalho neste episódio da viagem à China? Quem levantou as discussões sobre a natureza da empresa autora do convite e do projeto de reconhecimento facial foi Olavo, em vídeo.Mesmo Reinaldo Azevedo, agora rompido com Olavo, defendeu sua intervenção.
Mas alguns discípulos de Olavo de Carvalho erraram, e feio, nas discussões, sobretudo com Alexandre Frota. “Burro “ e “ator pornô” foram os argumentos mais repetidos. E Frota tem razão ao apontar que estes direitistas em nada diferem dos esquerdistas que, sobre Frota, dedicam os mesmos argumentos. Contra Frota e sobre Frota,não precisa mais que isto, parecem pensar. Em ambos, noto que estes argumentos ficaram esquecidos quando não estavam em guerra contra ele. Parecem descobrir sua pouca leitura e seu histórico na pornografia apenas quando brigam com ele. Quando em paz com Frota, este é “autêntico”, “carismático”. Foi assim na Esquerda, e está sendo assim na Direita. Ora, como Frota respeitaria um lado e outro, ambos sobrelotados de hipócritas? E Frota é, apesar do equívoco de considerar uma viagem à China tratando de segurança como igual às que tratam de exportações, um combatente que vale muito. Ao contrário dos deputados eleitos pelo PSL que não se elegeriam (ou alguém acredita que se elegeriam,como afirmam?) sem o símbolo Jair Bolsonaro, Frota tem um nome e se elegeria,de qualquer maneira, com sua notoriedade e com as bandeiras que empunhou na campanha.
(Olavo de Carvalho não engrossou, até onde sei, estes ataques. Reiterou suas declarações de respeito pessoal a Frota, inclusive. Assim como Frota fez questão de dizer que separava Olavo e seu respeito por ele, dos hipócritas que seguem Olavo, ou dizem seguir Olavo)
E Bolsonaro chega aos vinte dias de Governo com o segmento ideológico que votou nele ocupado com guerras internas. Isto é estar sentado em cadeira com os pés mal parafusados, com o calço falho. Não sentiria o gabinete amplo, solitário e gelado demais?
O Poder é como mulher a quem não basta que seu pretendente zele pela mãe idosa, ou seja um conhecedor de literatura. Cuidados com o corpo e com sua posição social acima do que seriam apenas obrigações cumpridas.
A Esquerda sabe disto.
Lula viajou o Brasil quantas vezes, criando redes de apoiadores, antes de ser eleito Presidente? E o PT existia enquanto redes de militantes desde muito antes de sua fundação como partido. Souberam plantar o que não saberiam depois colher.
Mas a agenda do PT para Educação, e Segurança já estava sendo cumprida antes da chegada formal ao Poder, e isto é o Poder, compreendem?
Quantas redes de blogueiros esta Direita forma? Quantas redes de contato que não sejam grupinhos de WhatsApp estão em exercício?
Isto talvez contribua para o sentimento de extrema insegurança que o Governo deixa transparecer nestes vinte dias. Os inimigos são concretos enquanto apoiadores são virtualidades. Eleitores? Bom…isto pode desaparecer em uma onda de impopularidade.
Penso que a comunicação com os eleitores deveria ser melhorada; lives de Bolsonaro têm a inconveniência do formato, cansativo e quebradiço.
“Como não desistir de lutar nestes vinte dias infelizes?”
Lembrando da alternativa, he,he…
Mas este recurso de lembrar que tudo poderia ser pior tem data de validade. Jair Bolsonaro e seu governo precisam definir e unificar ações o quanto antes.
Porque depois não serão mais “apenas vinte dias”.
“Notas” – 12/01/2019
Sobre algo bem pior
Jair Bolsonaro em evento recente advertiu sobre o perigo de seu governo errar “e voltar vocês sabem quem”. Parece não ser esta a primeira vez que adverte sobre este perigo.
Não, não acredito que o PT volte; o PT perdeu votos mesmo no território social que julgava seu: as classes mais baixas, que seriam, pelo cálculo que foi possível presumir, beneficiário de políticas sociais (na verdade, alguns programas assistenciais) e gratas pela eternidade ao Partido. Esqueceram (estes estrategistas de gabinete) que mesmo estas classes sofrem com a criminalidade e com a educação pública de qualidade nula. O PT parece ter perdido de vez os grandes centros.
Mas o “Pós-PT” não sofreu este desgaste. A coligação de forças (que incluiria o próprio PT, não mais como a vedete-chefe da companhia) da Esquerda (ou campo dito progressista, ou dito democrático) saberá capitalizar os setores insatisfeitos que poderão surgir, alegando não ter sido Governo e portanto, ter algo a oferecer. A eleição de Alexandre Kalil para a prefeitura de Belo Horizonte em 2016 mostra que o “Pós-PT” (o vice era, ou ainda é, da “Rede”) tem força nos grandes centros e não sofreu associação na mente da massa com o PT.
Vejo o PC do B como o carro-forte desta composição; movimentos ditos sociais e pequenas legendas da Esquerda foram quase que por completo anexados; o PC do B não descuida da formação de quadros, de seus institutos. De partido que era há vinte anos quase que dedicado ao dito movimento estudantil, vem ao longo destes anos transcendendo este limite, muito mais que o PT. Nada de filiações em massa de indivíduos, a operação mira lideranças. Mesmo quando tentou-se a candidatura controversa de Senhorita Andreza à Câmara Municipal de Belém do Pará, o objetivo era fixar lideranças, ainda que lideranças folclóricas. O mesmo se dá com candidaturas ligadas ao movimento de “profissionais do sexo”. Ainda que em muitos casos o resultado eleitoral não tenha sido bem sucedido, a ocupação de espaços no chamado lúmpen é algo a se considerar na luta política de médio e longo prazos. Mostra que o “Pós-PT” através de seu braço mais musculoso não está dormindo, ou resignado em prostração. Sem falar de movimentos de “sem-teto” e dos movimentos de “minorias”. O “Pós-PT” não descansa.
Vejo na Direita uma tendência ao descanso, ao repouso após a batalha de 2018, e a guerra sequer começou. Vejam que setores ainda insistem na “farsa do atentado”. Quem processa? Quem defende o governo recém-empossado com a energia que a Esquerda se defenderia fosse ela a vítima de um atentado e vítima de acusações de fraude do atentado?
Não noto nos vitoriosos de hoje a preocupação que seria fruto do raciocínio “Fosse eu a Oposição que faria para dificultar a vida destes sujeitos?”
Acusações sem respostas conclusivas, desencontros entre o Presidente e ministros; isso no primeiro mês ainda não machuca tanto, mas, e se em um ano a coisa permanecer errática? Capital político desperdiça-se nesta confiança demasiada na fidelidade do eleitor.
Incomoda-me esta Direita pró-Estados Unidos e pró-Israel; a massa que votou em Jair Bolsonaro não é toda assim, muitos que votaram no presidente atual tem no Brasil sua preocupação-limite. O Brasil tem suas guerras internas a vencer e nenhum país deve devotar alinhamento automático a outro.
Lembro passagem de “Veil”, livro de Bob Woodward que trata da CIA no período Ronald Reagan, onde o embaixador da Arábia Saudita nos Estados Unidos, Príncipe Bandar, recebe advertência do Reino sobre excessivo alinhamento, na qual eram lembradas passagens então recentes onde o interesse dos Estados Unidos e da Arábia Saudita não coincidiram.
Países têm suas questões de contato com países de sua influência e suas questões isoladas e o novo Governo do Brasil terá que discernir entre as naturezas destas questões.
Israel é questão que não diz respeito aos brasileiros. Os advogados deste alinhamento do Brasil invocam o exemplo de Osvaldo Aranha e seu voto na ONU por Israel.
Cito Carlos Lacerda:
“A minha tese era da abstenção (…) Eu achava que o Brasil deveria se poupar, porque não tendo ou não podendo ser suspeitado de intuitos imperialistas, poderia futuramente até ser usado como um dos intermediários possíveis entre partes litigantes, ao passo que, tomando partido, teria que sustentar o seu voto pelo resto da vida.”
Lacerda conta que o Min.das Relações Exteriores, Raul Fernandes, chamou-o ao Itamaraty e mostrou-lhe as instruções dadas ao embaixador do Brasil na ONU, Osvaldo Aranha: “Na questão da Palestina deveis abster-vos de votar.”
Continua Lacerda:
“Mas o fato é que o Osvaldo, envolvido pelo New York Times, envolvido pelo clima muito pró-judaico de Nova York, envolvido enfim por uma série de coisas, tornou-se assim, um dos heróis da nação israelita, porque mudou o voto do Brasil”
(“Depoimento”, Carlos Lacerda, pág.97. terceira edição, Nova Fronteira)
Logo…alegar o “papel do Brasil como fiador de Israel” como pretexto para comprar briga que não tem conosco qualquer ponto de contato…
Venezuela é briga nossa, não Israel.
Há o esforço de caracterizar qualquer crítico de Israel como esquerdista, e no Brasil esta nova Direita esquece, quando não ignora, os textos publicados na revista “Manchete” (a qual era pró-Israel) de crítica perfurante a Israel, de David Nasser. Seria David Nasser um esquerdista, no julgamento destas direitas colonizadas?
Há muito a se fazer para atender país que escolheu Bolsonaro para cuidar das coisas do País. Estes eleitores são os responsáveis pela vitória de Bolsonaro, não lideres religiosos ou líderes de segmentos político-intelectuais.
Como escrevi semana passada:
“Houve um sujeito dizendo: ‘Não importa o que digam os formadores de opinião, mas há muita coisa a se mudar no Brasil. Precisamos, rever, e com urgência, muitos dogmas.’ E houve milhões respondendo: ‘Também pensamos assim. Conte conosco.'”
Há que atentar para o uso de citações tortas e dos termos inexatos. Há que se pensar, como compensação às políticas amargas de recuperação econômica, em programas sociais que apaguem das massas qualquer saudade do PT, enterrando assim qualquer avanço do “Pós-PT”. Há que trabalhar mais e reduzir o folclore ao mínimo.Há que mirar com precisão no poder da casta acadêmica. E o Governo verá que não sobrará tempo para adotar agendas alheias, com base em ideologias .
Pois algo bem pior poderá surgir aos que temem a volta do PT.
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“Notas” – 05/01/2019
Sobre a posse de Jair Bolsonaro
“Foi uma posse histórica.”
Bom, qual posse presidencial não o é? Penso que mesmo posse de ditadores ou “presidentes” eleitos por colégio eleitoral o sejam; alguma aptidão a pessoa necessita ter (ou aparentar ter) para subir as escadarias dos palácios como ocupante temporário.
Tenho idade para me lembrar das posses da Presidência desde José Sarney; lembro parentes concordando com o clima de velório da cerimônia, pois acompanharam a eleição pelo Colégio Eleitoral (lembro de minha mãe acordando a mim e ao meu irmão, ambos pré -adolescentes) e sentiram que a História havia trapaceado.
Cinco anos depois, a posse de Fernando Collor; houve certa euforia, mas o comportamento altivo do ex-Governador de Alagoas não permitiu exteriorizações de euforia. As trocas de ofensas entre o presidente que entrava e o que saía também não deixou de apresentar o preço da troca de sorriso engessados na observação estrita da gentileza obrigatória mínima.
Foi o Plano Real muito mais que Fernando Henrique Cardoso a estrela da posse, e não consigo me lembrar de comoções populares. Um sujeito simpático sim, mas a massa não parecia vibrar com sua figura recebendo a faixa do presidente anterior, Itamar Franco (confesso não lembrar da posse do vice de Collor), uma vez que ele estava, desde o Plano Real, já com os dois pés no Palácio. E presidente eleito da situação parece não comover tanto, parece. Não foi o fim de grandes batalhas políticas.
Lula? Lula sim. Era um ex-operário e um dirigente partidário de Oposição, recebendo a faixa depois de anos de militância política e três eleições das quais saíra derrotado. Mesmo os que não votaram nele notaram a História já debruçada sobre o desfile diante da Guarda, o carro empurrado, lembram? E Lula é, sem dúvida, político com alto poder de comunicação. Repito: mesmo eleitores da candidatura derrotada não conseguiram negar a evidência histórica daquele momento. O que veio depois….veio depois.
Ora,ora, Pawwlow, Dilma Rousseff também teve posse memorável?
Bom, que vocês dizem sobre a primeira presidente eleita, desfilando não com o Primeiro – Cavalheiro, mas com sua filha? Como escrevi sobre Lula no parágrafo acima: o que veio depois…veio depois. Negar a História é tolice. Foi sim um dia memorável, sou dos que consideram Dilma Rousseff mais nociva quando calada,não quando legando suas declarações sem dúvida inspiradas – e já imortalizadas – pelo espírito da graça involuntária.
(E aproveito para repetir aqui o que já escrevi em textos anteriores: ela e seu antecessor são menos culpados pelo que fizeram ao Brasil que a incompetência e desinteresse da Imprensa dita de Oposição.)
A posse da Jair Bolsonaro foi a que mais me comoveu, das que assisti. Um homem ainda por se recuperar por completo de um atentado sendo recebido pelos gritos de população ainda mais animada que a da posse de Lula; não me pareceram todos loiros com camiseta da seleção brasileira, ou turistas vindos dos bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro.
As palavras ditas no Congresso Nacional (sob a vista de dois ex-presidentes, José Sarney e Fernando Collor) e no Parlatório podem não ser destinadas a integrar antologias de oratória, mas me pareceram sinceras e coerentes com as palavras ditas em anos como combatente e em meses de campanha. E isto merece o respeito. Nem escrevo sobre o tom firme e o olhar repleto de convicção.
Pois é de convicções que se fez esta campanha. Não de maquiagens retóricas executadas por marqueteiros ou conselheiros do mundo jornalístico. Houve um sujeito dizendo: “Não importa o que digam os formadores de opinião, mas há muita coisa a se mudar no Brasil. Precisamos, rever, e com urgência, muitos dogmas.” E houve milhões respondendo: “Também pensamos assim. Conte conosco.”
E daí talvez o gesto de Bolsonaro que apontava a faixa presidencial e dela apontava a massa; esta faixa, pareceu-me querer dizer Bolsonaro, é de você que comprou briga na sua comunidade, que não se intimidou na escola ou na faculdade, que perdeu amizades, ou mesmo namorada(o) s. A faixa é também, arrisco-me a interpretar o gesto do Presidente, de todos vocês que confiaram nos seus olhos e ouvidos e viram o quanto estes estavam negando o que formadores de opinião, sintonizados com a casta acadêmica (por formados por ela), repetiam sem cansaço durante os últimos anos.
Houve uma comunhão mental entre este homem e seus eleitores, talvez nunca vista na História do Brasil. Uma simbiose, se preferirem. E daí este gesto da faixa presidencial parecer nada demagógico, nada teatral.
Lembro de diálogos na fila do ônibus; brancos com toda pinta de universitários caprichando na expressão de nojo quando informados pelo alarido das vozes (vozes de negros em roupas de trabalho pesado, nada perfumados ou elegantes) sobre a preferência eleitoral majoritária daquele meio social. Filas que sempre ofereciam, a quem quisesse ouvir, narrativas sobre trabalhadores assaltados, na presença de filhos, na chegada do dia de trabalho duro, pesado, impiedoso. Um destes trabalhadores negros comenta com seu colega de banco de ônibus, na sexta-feira anterior ao Primeiro Turno :
“E Domingo, hein? Vou de Bolsonaro. Eu e todo mundo da minha casa”. O colega de banco de ônibus diz ser este o placar pré-eleitoral também em sua casa.
No corredor oposto do ônibus, universitário típico, afrouxa o colarinho enquanto faz careta.
E o negro retoma, agora quase gritando:
“O negócio é votar no Bolsonaro mesmo… Bolsonaro na veia.”
É isso aí!
Notei em Fernando Collor olhar que me pareceu dizer:
“Bolsonaro, não cometa os erros que cometi, não desperdice chances.”
Ah! A Primeira Dama Michelle Bolsonaro…seu encanto natural não poderia deixar de ofender. Sua espontaneidade parece fora de dúvida quando a assistimos observando o intérprete da linguagem de sinais vertendo o Hino Nacional aos deficientes. Não me pareceu pessoa que trabalha seguindo manuais de etiquetas e poses. Daí tomar a iniciativa de discursar antes do marido em linguagem de sinais, daí o beijo na boca do marido, daí o sorriso. E daí seu carisma. E…daí os ataques. Querem saber o que penso? Ela tirará de letra estes recalcados.
Pena que os petistas tenham ofuscado com seus atos as belas recepções que a massa oferece aos vencedores e que ofereceu a eles. Repito: foram sim belas posses, dias memoráveis mesmo. Lula e Dilma Rousseff receberam carinho e reconhecimento do que suas figuras tinham de particular em uma posse presidencial.
Que eles desperdiçaram sem dó dos que neles depositaram expectativas.
E tentam agora diminuir uma bela posse na lógica pequena de que isto serve como posição política. Não, não serve. A massa que, como pareceu dizer Bolsonaro no gesto da faixa, também tomou posse, percebe o desprezo, e tende a devolver o desprezo com mais desprezo.
Que Bolsonaro não se deixe afastar dos seus irmãos de vitória por conselhos dos apóstolos da pacificação pelo alto, são os meus votos.
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Marcado com Dilma Rousseff, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Jair Bolsonaro, José Sarney, Lula, Michelle Bolsonaro, posse de Jair Bolsonaro
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“Notas” – 30/12/2018
Sobre Tom Wolfe – uma grande perda em 2018
Este ano (no mês de Dezembro) o “FERNANDO PAWWLOW-CADERNOS” completou dez anos; claro que intervalos de meses sem postar e meses com uma só postagem semanal deram ao blog apenas 409 postagens (contando com esta). Há certa coerência temática: o papel e a responsabilidade dos intelectuais atuantes na imprensa na luta política; a memória da imprensa; a contestação do domínio da casta acadêmica. Mesmo quando tratei de telenovelas, era sobre estes eixos temáticos que refletia. Não acredito em democracia de leitores que não leem, inspirados por jornalistas que pregam a desistência dos combates como forma última de bom-senso. Democracia sem fricções é a tirania dos que ganharam a partida por W.O. Intelectuais verdadeiros, penso, estragam os festejos dos vitoriosos.
Um dos maiores intelectuais das últimas décadas, especialista em satirizar o bom mocismo da vida intelectual norte-americana, submissa à casta acadêmica, foi retirado pela morte, do campo de batalha em 2018: Tom Wolfe.
Como tantos brasileiros, soube de Tom Wolfe por ocasião do lançamento de “A Fogueira das Vaidades”, que no Brasil teve edição simultânea (ou quase) ao lançamento. Do quadro de Paulo Francis falando do livro no “Jornal da Globo”, lembro da frase de encerramento: “Tudo que você sempre quis saber sobre Nova York mas tinha vergonha de perguntar.”A edição brasileira (se não me engano pela Rocco, que lançou alguns outros de seus livros depois) tinha prefácio, excelente, do mesmo Paulo Francis.
Deste ponto em diante, Wolfe virou moda entre os intelectuais brasileiros. A L& PM lançou a coletânea “Décadas Púrpuras” (excertos de seus livros de crônicas e reportagens mais conhecidos ) e salvo engano, a Rocco lançou um livro onde dois dos ensaios publicados pela coletânea da L& PM aparecem na íntegra, um deles o que mais fora celebrado quando do lançamento de “Décadas Púrpuras”: “Estas Noites Radical Chic”.
Este ensaio, ou reportagem, é o retrato quase balzaqueano dos salões chiques de Nova York onde milionários do mundo do jornalismo e dos espetáculos praticavam esquerdismo de grife. Wolfe dá mostra neste texto de sua capacidade maior: a de mergulhar na origens dos fenômenos que satiriza. Vasculhou na História e descobriu que o fenômeno vem dos salões franceses onde nobres e avizinhados exercitavam a nostalgia de uma rudeza primordial; esta rudeza sendo apresentada com os requintes da aristocracia. Era uma espécie de boemia intelectual de cunho ritualístico, onde nobres buscavam o sentido do luxo na negação (ainda que estilizada) deste luxo. Um sentimentalismo de classe. Sem a arqueologia deste sentimento, teria-se apenas registro de gente hipócrita e pitoresca.
O radical chic teve seus palcos brasileiros: bares do Rio de Janeiro inacessíveis ao “meu povo,meu povo”, a casa de Chico Buarque onde esquerdistas faziam suas reuniões. Hoje este templo máximo no Brasil é o apartamento de Caetano Veloso e Paula Lavigne, chão de reuniões do “Pós-PT”.
Onde um Wolfe entre nós para estabelecer paralelos entre estes salões de gente chique e letrada de agora com os do Império? Sem simplificações, sem tentativas de sátira que traem o ressentimento de não pertencer a esta casta?
O mesmo se dá no texto onde Wolfe apresenta a “febre confessional” que queimou a casta acadêmica (em seus braços no mundo dos espetáculos e por extensão no modo de viver da classe média) na década de ‘70: “ A Década do Eu”. Os grandes encontros onde dezenas, centenas e mesmo milhares de pessoas reuniam-se para praticar uma espécie de psicanálise grupal, onde não se admitia qualquer censura ao que necessitasse ser exteriorizado, ainda que tal necessidade fosse, claro, subjetiva. Wolfe viu nesta mania das megacatarses grupais uma volta dos cultos protestantes dos séc.dezoito e dezenove dos Estados Unidos, onde a pessoa devia exorcizar seus demônios em público.
Tanto no tal ensaio sobre os esquerdistas chiques buscando experiências quase místicas celebrando a extrema Esquerda das ruas (no caso , os “Black Panthers”) quanto no ensaio sobre as megaconvenções de uso grupal de drogas e “encontros de sensibilização”, Wolfe não apenas buscou a genealogia dos fenômenos como soube ler os mesmos fenômenos em diversas manifestações do seu tempo. E com estes recursos, a sátira tornava-se muito poderosa, muito difícil de ser dispensada com alguma acusação de que o autor era conduzido por preconceitos estúpidos diante do “Novo”.
Os ensaios onde expõe o mundo das artes plásticas, onde valores são estabelecidos na esquina onde fortunas encontram-se com intelectuais de gabinete e seus associados na imprensa, também são saborosos. Wolfe mergulha no universo dos marchands, dos apreciadores – sérios ou aventureiros – e do mundo da moda. É o mundo dos artistas que realizam “conceitos”. Quadros que exigem páginas e mais páginas para sua apreciação.
Ou a arquitetura adotada sem filtro algum,pois como questionar e confrontar o que Wolfe chama de “deuses brancos”, os professores vindos do Velho Mundo e adotados com deslumbramento pelos americanos colonizados (da casta acadêmica,claro) por tudo que venha da Europa? As descrições dos edifícios por Wolfe e a narrativa da recepção dos tais “mestres” diz mais que mil teses.
Wolfe foi penetrante como poucos ao identificar um dos meios pelo qual a casta acadêmica anexou a vida cultural americana: escritores oferecem recepções em seus apartamentos (apartamentos cuja decoração é também alvo de cuidados quanto à sofisticação), buscam vestir-se no rigor dos alfaiates de nome, sustentam a obrigação das viagens anuais à Europa, e isto tudo custa muito dinheiro. Dinheiro que começou a ter como fonte, no final da década de ‘60 em diante (parece que o auge foi na década de ‘70), o circuito das grandes universidades. Palestras onde o escritor seria confrontado por hordas de esquerdistas de gabinete e da massa estudantil começaram a domar muito do imaginário dos escritores. Em uma que participou ao lado de Günter Grass, Wolfe testemunhou oradores denunciando a vinda dos fascistas e a observação de alguém como Grass que sabia bem (hoje sabe-se que ele sabia bem até demais) sobre fascismo: “Aqui os fascistas são muito lentos”.
E, no entanto, como recusar debater neste meio e manter o status?
A casta acadêmica impondo-se como maioria ruidosa e como fonte de dinheiro.
Acrescento: como catraca que separa e determina quem pode viver do intelecto e quem deve buscar outras formas de sustento, sobretudo trabalho braçal. Nos Estados Unidos essa diferença é também grande, mas menos feroz que no Brasil. Mesmo porque o culto ao diploma e ao “Doutor” é menor que aqui e lá não há obrigatoriedade de diploma para ser jornalista e outras atividades que têm outros meios de controle do exercício da profissão.
A casta acadêmica,logo, impõe-se sempre por alguma espécie de força, não pela superioridade intelectual de seus membros.
E daí a obrigação do intelectual de verdade combatê-la sem medir esforços e sem calcular perdas. Não se presenteando com o direito ao erro, sobretudo.
Eles, os donos do Poder neste mundo, podem escrever mal,não seus inimigos. Eles, os que determinam quem pode ou não dar aulas, ser jornalista ou mesmo ser considerado um intelectual,podem escrever sem cuidados com a estética, não quem se apresenta como inimigo. Daí minha birra com quem escreve “mimimi” no lugar de lamúria ou queixa.
E é por esta tábua de exigências que lamento quando Wolfe atenua, quando não anula por completo, suas sátiras com onomatopeias e ênfases- “as ênfases!!!”- e sinais gráficos que lotam seus textos. Depois de descrições cortantes de pessoas,vestuários, decorações, etc, estes recursos funcionam como discos de risadas em programas humorísticos. Não reforçam a graça, tornam o texto infantiloide e de fácil demolição.
E ainda assim, a morte de Wolfe foi perda enorme. Foi um combatente, um escritor que não economizava energia no mergulho dos assuntos, fossem corridas de carros no interior dos Estados Unidos ou excursões psicodélicas.
Caso a casta acadêmica um dia caia do Poder, e ela seja apenas uma piada fixada na mente da maioria, quem contra ela combateu merecerá todas as honras. Tom Wolfe terá, sem qualquer dúvida, lugar neste panteão.
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Que os leitores e amigos tenham um 2019 produtivo! Abraço do Pawwlow
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