Emissoras de TV (notadamente as do Sistema Globo, como “GloboNews” e “Canal Brasil”) dedicam nesta comemoração do primeiro centenário do nascimento de Luiz Gonzaga parte de sua programação exibindo programas especiais, aproveitando o acervo do qual dispõem e certamente reprisaram no recente “Globo Repórter” trechos de edições do programa dedicado ao proclamado “Rei do Baião”. Uma programação realmente obrigatória aos interessados em cultura brasileira, pois Gonzagão é o correspondente sonoro aos romances nordestinos, item definitivo de nossa formação cultural.
Gonzagão foi dos poucos brasileiros mitificados ainda em vida, atraindo procissões de brasileiros ( não somente nordestinos) e celebrado por seus pares. O chapéu característico (e sua figura era por si iconográfica- Alceu Valença contou em uma entrevista o impacto do primeiro encontro com o mestre sem chapéu), a voz metálica – há registro de dueto à capela em disco de Gonzaguinha (“Coisa Mais Maior de Grande /Pessoa” de 1981) do clássico “Légua Tirana”no qual Gonzaguinha e Milton Nascimento têm as vozes parcialmente eclipsadas pelo timbre dominante de Gonzagão num efeito arrepiante- e a presença de palco que impressionava mesmo nos seus dias finais, são alguns elementos que explicam seu mito e permanência no imaginário brasileiro.
A linha que, partindo de cantadores ancestrais do Nordeste até alcançar (por enquanto) o “Mangue Beat”, passando por João do Vale, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Oswaldinho do Acordeon, Fagner, Amelinha, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Alceu Valença, Elomar, Geraldo Azevedo,Vital Farias e tantos outros não mencionados por esquecimento (e a certeza de que na tentativa de esgotar o assunto, esgotaria o leitor – Oscar Wilde), revitaliza a importância do Nordeste como matriz cultural do Brasil, tem seu centro nervoso na persona artística de Luiz Gonzaga.
Por isto e por tudo mais que deu ao País, parabéns Gonzagão, alma quente!
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Falando em comemorações, mais um 13 de dezembro para convocar cientistas políticos para lamentar feitos da Ditadura, e reprises de imagens de passeatas dissolvidas por soldados e recrutas marchando em desfiles, como vinhetas sobre “os anos de chumbo”.
Como certos programas de “flashbacks” das rádios da madrugada, são previsíveis e remédio eficaz contra a insônia: “Agora vem o depoimento de um exilado, logo mais panorâmica do DOI-CODI da Barão de Mesquita, e agora aposto que o Herzog ‘suicidado’ ”.
“Há sempre publico jovem”, justificam, como fazem os comediantes de churrascaria antes de emendar a piada do português na Barca de Niterói com a do papagaio no convento.
XXX
Quais seriam as expressões do publico europeu ao assistir a senhora de roupa vermelha e cara vermelha, do alto de índices (50 mil homicídios anuais, mesmo com superpopulação carcerária, analfabetismo funcional de grande massa de eleitores, hospitais –açougue, etc, etc) que confirmam o país que governa como integrante perpétuo do Terceiro Mundo ministrando lições sobre “sociedade inclusiva”? Jamais o saberemos.
Sabemos o que se confirmou (a quem se interessa por política e busca informações e não propaganda veiculada nas galerias de esgoto patrocinadas por estatais) no evento no qual nossa presidente discursou sobre crises na Europa: os laços de obediência ao seu patrono político são mais sólidos que o pretenso ânimo de “faxina ética”que mal informados identificam na Presidente, em (mais um, na verdade – brasileiro tem mesmo nenhum apreço por história, sobretudo a recente) um janismo redivivo.
Ainda que Lula seja inocente do que o acusa Marcos Valério, a Chefe de Estado agiu pessimamente culpando a Imprensa que “busca desqualificar o Presidente Lula”. Onde a isenção do magistrado e a liturgia do Poder, e por que não dizer? da compostura que a Presidente exibia nos episódios nos quais auxiliares foram acusados?
Uma hora a máscara pesa e a maquiagem irrita a pele. Talvez este momento tenha chegado à Sua Excelência e sua hora de se retirar da disputa de 2014 tenha soado.
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